domingo, 2 de agosto de 2009

Macrotendências 1

Eu sempre quis ser um misto de Aldous Huxley com Faith Popcorn. A profissão de "futurólogo" é algo que me atrai. Gosto de imaginar o futuro, e o faço sempre com uma confiança inabalável de que minha versão do futuro tem grandes chances de se concretizar. As "Macrotendências" abaixo descritas não foram o resultado de nenhuma pesquisa séria, não têm data para acontecer e são fruto exclusivo das minhas observações e de minha imaginação fértil.

Informação e Transporte:

Exceto no caso de trabalhadores braçais (que serão minoria devido à constante automação dos processos) e de profissões que exigem o contato humano (médicos, dentistas, atletas de esportes coletivos, etc.), o vínculo físico com o local de trabalho deixará de existir. Devido às novas tecnologias de comunicação on-line, conversar com uma pessoa "ao vivo" ou através de algum aparelho (chamem de "tele presença" ou algo do tipo), fará pouca diferença. A cultura de fechar negócios ou fazer reuniões com a presença física das pessoas é coisa da nossa geração, no futuro o local de trabalho será 100% virtual, não só para profissionais liberais, mas também para executivos.

A consequência natural disso é que grande parte da humanidade não precisará mais morar no mesmo lugar em que trabalha. Muitas empresas não estarão localizadas em um determinado "lugar", mas funcionarão on-line, 24 horas por dia, e nossos colegas, na prática, poderão ser de qualquer parte do mundo. Com os diferentes fusos horários envolvidos nessa história toda, é de se esperar que o tradicional "horário de trabalho" perca um pouco o sentido, para sincronizar horários estes funcionários dos quatro cantos do mundo vão se adaptar para se comunicar com pares, clientes, chefes e subordinados, tendo cada um uma agenda um tanto confusa, mas interessante. Interessante porque irão intercalar tempo de trabalho e lazer de uma forma bem mais flexível, não fará muito sentido ir à academia "após o trabalho" se você trabalha em casa, e tem compromissos virtuais nos horários mais malucos com seus colegas que moram na Alemanha, 5 horas na frente.

Com isso acaba-se a famosa "hora do rush" nas cidades, devido ao fim do "horário de trabalho". Isso traz a vantagem óbvia de aliviar o trânsito, mais que nunca viveremos em cidades "que nunca dormem". Junte-se a isso a desvinculação do trabalho com a moradia e o próprio conceito de "cidade" se transforma, será que elas ficarão maiores ou menores, com a saída daqueles que sempre sonharam em morar num lugar mais "tranquilo"?. Caso a tecnologia venha acompanhada de uma ampla abertura de fronteiras (falarei sobre isso nas macrotendências políticas), seria possível morar em Biarritz, ou no Taiti, e mesmo assim continuar trabalhando normalmente.

As pessoas não deixariam de viajar, mas dois dos motivos atuais das viagens deixariam de existir. Pra que viajar "de férias" se eu posso ir para qualquer lugar do mundo e continuar trabalhando normalmente? Pra que viajar "a negócios" se todos os negócios podem ser resolvidos daqui mesmo, da minha casa? As viagens seriam feitas para proporcionar o encontro físico das pessoas, quando elas assim desejassem. Imagino diferentes "tribos" emergindo disso tudo: existiriam os nômades compulsivos que morariam um certo tempo em cada lugar do mundo, mas também existitiam aqueles que usariam as novas tecnologias para ficar cada vez mais dentro do casulo.

Acho que a grande cidade não perderá o seu encanto, mas posso estar enganado. Eu moraria em Paris, pelo menos por um tempo, mas o que seria de Paris se mais da metade das pessoas que morassem por lá tivessem como atividade algo que tem pouco ou nada a ver com a cidade ou o país em que se encontram? to be continued...

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